segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Airton Maranhão- O Escritor do Fantástico.


Um advogado escritor, ou um escritor advogado. Conversando com Airton Maranhão fica difícil definir qual é a profissão e qual é a vocação. Para este russano, originário de uma família de músicos as duas coisas se completam. Seu interesse por advocacia veio por dois motivos, o primeiro, a possibilidade de ajudar as pessoas, e segundo por sua sobrevivência. Já a escrita é pura entrega. Airton afirma, que se não pudesse escrever,certamente morreria, pois é escrevendo que ele salva sua própria vida. E ainda afirma sobre o ato de advogar e de escrever, “um inspira e o outro constrói, um destrói e o outro disfarça.”
O autor do romance Moderno “Os Mortos Não Querem Volta”, deixa-se revelar naturalmente, com gestos simples, transparece uma sensibilidade aguçada, perto de Maranhão têm-se a impressão de que a qualquer momento estaremos dentro de uma de suas estórias ou poesias. A narrativa fantástica povoa os escritos do poeta, que cria personagens símbolos.
Nas palavras do Jornalista, ficcionista e poeta, José Alcides Pinto: “Airton Maranhão escreveu uma obra-prima da ficcão brasileira; completa, altamente significativa e dramática em todos os sentidos.” tendo sido objeto de estudo das alunas de letras da UECE(Universidade Estadual do Estado do Ceará) Renia Maria Bezerra Reis e Maria do Socorro Fonteles G. Pinheiro e do Mestrando em Letras Vérnaculas (Literatura Portuguesa) na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Otávio Rios .
Airton é membro e fundador da ARCA (Academia Russana de Cultura e Arte). Já publicou cinco livros, dentre eles estão: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças, O Hóspede das Eras, A Dança da Caipora e Os Mortos Não Querem Volta. Ele confessa ter uma queda por literatura de cordel, com várias publicações nessa área, a mais recente de título “Greve no Fórum”. Airton transita com muita facilidade entre as várias formas de literatura. Com o dom da palavra consegue criar um universo dentro de outro.
Rachel de Queiroz, a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, declarou : “Airton é o único escritor que se conhece no mundo que escreveu um romance folclórico”, se referindo ao livro “A Dança da Caipora”.
Contando de suas peripécias na infância e de como adquiriu o gosto pela leitura, este homem de poste médio e de um olhar cheio de signos, lembrou de seu vizinho, Dr. Estácio, um dentista dono da biblioteca que fez parte da imersão de Airton no mundo das letras, era a porta de entrada ao paraíso.
Airton criou uma estória sobre o vaga-lume e a lua, uma metáfora, em que numa conversa : a lua esnoba o vaga-lume por este ter uma luz fraca em relação a dela, o vaga-lume por sua vez, faz uma afirmação que toca o nosso escritor: “a luz pode ser fraca, mas é minha”. A estória virou até música.
Nosso poeta se vê como aquele vaga-lume, cheio de uma luz-própria, ele não se importa com “a lua” que brilha radiosa a sua frente, mas sim com sua necessidade urgente de escrever o que lhe toca a alma. Escrevendo com sangue e suor, no processo de inspiração e transpiração. O poeta diz que muitas vezes deixa-se abandonado escrevendo madrugadas a dentro. Porque é dessa forma que ele consegue salvar-se.
Um olhar observador se espelha atrás dos óculos que refletem uma alma simples, é dessa forma que Airton Maranhão vai tecendo seu Perfil para esta entrevista, com bom humor e sinceridade ele falou de si mesmo, sem perder a modéstia. Aqui temos um daqueles iniciados que tem sensibilidade para apreender o sentido das coisas e também para criar significados para elas.
Airton Maranhão é aquele menino ambicioso não de poder ou glória, mas de soltar a coisa oculta no seu peito, como diz a prosa de Drummond, que poderia muito bem ter sido feita para ele.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto Sheyla. Vou citá-lo logo mais num ensaio no blog Transver o Sentido.

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